O Salário do Medo
A sociedade burguesa hipertardia é uma sociedade do risco e do medo. É claro que risco, medo e precariedade são determinações estruturais do trabalho vivo nas condições sócio-históricas do modo de produção capitalista. Eles têm caracterizado a sociabilidade capitalista desde seus primórdios. Entretanto, nos últimos trinta anos de crise estrutural do capital, situações de risco e de medo têm assumido dimensões ampliadas no mundo do trabalho e da reprodução social. Surgem múltiplas formas qualitativamente novas de risco e insegurança do trabalho: insegurança no emprego, no salário, na seguridade social e na representação sindical, como podemos observar não apenas nos países capitalistas do Terceiro Mundo, mas hoje também, do Primeiro Mundo. Entretanto, insegurança e precariedade atingem também a dimensão da subjectividade do homem, instituindo formas particulares-concreta de sócio-metabolismo da barbárie. Podemos até dizer que hoje, o medo tende a ser o afecto da alma humana capaz de constituir a mediação subjectiva das novas formas do consentimento do capitalismo global. Assume várias formas de ser, de acordo com a experiência de vida e as múltiplas temporalidades – passado, presente e futuro – do sujeito estranhado. Ele assume novas configurações psico-sociais nas condições históricas da sociedade mercantil desenvolvida e nas subjectividades complexas.
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