quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mã, Ele Vendeu-me Por uns Cigarros

Filha ilegítima de mãe adolescente, nascida nos bairros degradados da Dublin dos anos 50, Martha vê-se obrigada a ser uma lutadora desde o princípio. Enquanto a mãe vai mudando de homem, e vão surgindo mais crianças, eles vivem na pobreza em casas miseráveis e geladas, vestidos com farrapos e forçados a mendigar por comida. Contudo, precisamente quando as coisas pareciam não poder ser piores, a mãe conhece jackser. Apesar das provações, Martha é uma criança com um espírito indominável e uma argúcia muito para além da sua idade. Ela narra a história da sua infância sem pingo de auto-comiseração e consegue recrear uma era perdida na qual a sombra da Igreja Católica estava perigosamente próxima e se não se trabalhasse não se comia. Martha nunca deixa de acreditar que merece mais do que o que lhe foi dado, e a sua notável voz permanecerá consigo muito depois de ter finalizado a última linha.

Alice no País das Maravilhas

Há aventuras que nos transformam, mas o caso de Alice é verdadeiramente especial: a partir do momento em que descemos com ela pelo buraco dum coelho, deixamos mesmo de saber o que nos espera ao virar de cada página. E cada leitura que fazemos desta obra verdadeiramente clássica é sempre um espelho onde vemos como nos transformámos desde a última leitura: onde crescemos e onde encolhemos, em que lado do cogumelo precisaremos de acertar para voltarmos a ter uma altura… aceitável. Uma leitura à altura de Alice: dos poucos centímetros aos muitos metros, dos 8 aos 80 anos. Dizer que Alice no País das Maravilhas é uma obra-prima não chega: esta obra de Lewis Carroll, nascida de uma brincadeira de crianças numa tarde de Verão de há quase 150 anos, foi traduzida para todas as línguas, contada, adaptada e readaptada a todas as formas artísticas, e continua a fascinar-nos todos os dias por razões que ultrapassam em muito a estética literária. Como resumirá José Vaz Pereira no prefácio a esta edição: «Alice é para a vida». Boas leituras!

Cândido

Cândido foi pela primeira vez publicado em 1759. Sabendo à partida que o livro seria proibido, Voltaire optou por uma edição clandestina que rapidamente atingiria níveis de vendas extraordinários para a época. Seguir-se-iam centenas, senão milhares, de edições ao longo dos séculos XIX e XX. Cândido é um jovem criado por Pangloss, seu preceptor, que lhe dá da vida a visão optimista de que todos vivem no melhor dos mundos. Mas após várias atribulações, Cândido desencanta-se, desacreditando-se da tese do seu mestre. Esta alegoria irónica é um pretexto para Voltaire denunciar as diferenças sociais, os idealismos exacerbados e a corrupção, monstro que ainda hoje consome as sociedades.

Werther

«Werther» representa uma das obras mais emblemáticas, precursora do Romantismo, na referência de todo o enamoramento sem esperança. O jovem Werther sofre, desespera e descreve o seu amor impossível pela mulher que não consegue alcançar. Novela trágica e confessional por excelência, identifica o seu jovem autor, Johan Wolfgang von Goethe (1749-1832), logo aos 23 anos, como um dos grandes representantes da literatura do Romantismo.

Ninguém Escreve ao Coronel

Publicado pela primeira vez em 1961, Ninguém Escreve ao Coronel é o segundo romance de Gabriel García Márquez, escrito durante a sua estada em Paris, onde trabalhava como correspondente de imprensa desde meados dos anos 50. Num estilo puro e transparente, com uma economia expressiva excepcional que marcava já o seu futuro como escritor, García Márquez narra com brilho inaudito a história de uma injustiça e violência: um pobre coronel reformado vai ao porto esperar, todas as sextas-feiras, a chegada de uma carta oficial que responda à justa reclamação dos seus direitos por serviços prestados à pátria. Mas a pátria permanece muda…

Lolita

Esta é uma das obras mais conhecidas e controversas do século XX e conta a história de Humbert Humbert, um professor universitário enfadonho e de meia-idade. A sua obsessão por Lolita de 12 anos suscita algumas dúvidas relativamente ao seu carácter: estará ele apaixonado ou tratar-se-á de um louco? Um poeta eloquente ou um pervertido? Uma alma torturada e sofrida ou um monstro? Ou será que Humbert Humbert não será apenas uma mistura de todas estas personagens? Lolita é certamente o romance mais conhecido de Nabokov, mas também por se tratar de uma obra-prima que provocou, à data da sua publicação, um enorme escândalo pela forma como o autor tratava o tema de uma paixão entre um homem maduro e uma adolescente provocante. Hoje, que essa aura de escândalo parece ter-se dissipado, o livro, publicado originalmente em 1955, vale por aquilo que é: um verdadeiro clássico da literatura do século XX.

O Carteiro de Pablo Neruda

Mario Jiménez, jovem pescador, decide abandonar o seu ofício para se converter em carteiro da Ilha Negra, onde a única pessoa que recebe e envia correspondência é o poeta Pablo Neruda. Mario admira Neruda e espera pacientemente que algum dia o poeta lhe dedique um livro ou aconteça mais do que uma brevíssima troca de palavras ou o gesto ritual da gorjeta. O seu desejo ver-se-á finalmente realizado e entre os dois vai estabelecer-se uma relação muito peculiar. No entanto, a conturbada atmosfera que se vive no Chile daquela época precipitará um dramático desenlace… Através de uma história tão original como sedutora, Antonio Skármeta consegue traçar um intenso retrato da convulsa década de setenta no país andino, assim como uma recriação poética da vida de Pablo Neruda.

O Bandolim do Capitão Corelli

A ilha grega da Cefalónia, aparentemente bendita pelos deuses, vai ser palco, a partir de 1939, de uma série de dramáticos acontecimentos. À ocupação italiana sucede-se a invasão alemã, com o seu cortejo de execuções. Depois de 1945 é a vez de os comunistas imporem a sua lei. E quando, finalmente, a paz parecia ter regressado, o mortífero terramoto de 1953 devastou toda a ilha. No meio de tantos dramas, como se tecem os destinos individuais? Um amor tão frágil, como o da Pelágia, a bonita grega, e do sedutor capitão Corelli pode resistir? Resiste-se ao ódio, ao medo, à fome, à loucura e à morte? É possível continuar a viver quando nada mais resta para lhes opor senão memórias, um resto de ternura, música – ah! A música de um certo bandolim...?

Revolutionary Road

O primeiro romance de Richard Yates, Revolutionary Road, tornou-se um clássico logo após a sua publicação em 1961. Nele, Yates oferece um retrato definitivo das promessas por cumprir e do desabar do sonho americano. Continua hoje a ser o retrato da sociedade americana. Um casal jovem e promissor, Frank e April Wheeler, vive com os dois filhos num subúrbio próspero de Connecticut, em meados dos anos 50. Porém, a aparência de bem-estar esconde uma frustração terrível resultante da incapacidade de se sentirem felizes e realizados tanto no seu relacionamento como nas respectivas carreiras. Frank está preso num emprego de escritório bem pago mas entediante e April é uma dona de casa frustrada por não ter conseguido seguir uma promissora carreira de actriz. Determinados a identificarem-se como superiores à crescente população suburbana que os rodeia, decidem ir para a França onde estarão mais aptos a desenvolver as suas capacidades artísticas, livres das exigências consumistas da vida numa América capitalista. Contudo, o seu relacionamento deteriora-se num ciclo interminável de brigas, ciúmes e recriminações, o que irá colocar em risco a viagem e os sonhos de auto-realização.

O Físico

No cenário de superstição e esplendor do século XI, desenrola-se a história absorvente de Rob J. Cole. Órfão e sem dinheiro, Rob foi abençoado com um Dom que, nos tempos da bruxaria, enviava um homem para a fogueira: tinha a capacidade de sentir a gélida mão da morte quando esta pousava nos vivos. Esta sua capacidade aumentava com a potência do conhecimento. Disfarçado de judeu, trabalhando arduamente como cirurgião de guerra nos conflitos de confusos impérios orientais, seria ajudado por poderosos protectores e ameaçado pela peste e pelo preconceito cruel de mullahs e clérigos. Este é o primeiro volume de uma trilogia que relata a saga da família Cole ao longo dos séculos

O Deus das Pequenas Coisas

"O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. A histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan.
Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer.

O Arco de Sant'Ana

Segundo palavras do próprio Garrett, foi enquanto esteve aquartelado no Convento dos Grilos, durante o cerco do Porto, que começou a escrever O Arco de Sant'Ana. A intriga, baseada num trecho da Crónica de D. Pedro I, de Fernão Lopes, decorre no Porto medieval, evocando a vida social e política do burgo, agitada pelos motins do povo. Este era representado pelos mesteirais, conduzidos pelo jovem Vasco e apoiados pelo rei D. Pedro, numa luta contra a oligarquia política, encarada pelo bispo e seus acólitos, em especial Pêro Cão, cobrador de impostos. Garrett recriou no século XIV os conflitos políticos e religiosos da sociedade do seu tempo, nomeadamente a reacção cabralista, apoiada pela Igreja, que visava dissolver o liberalismo e restaurar o poderio eclesiástico.

Contos e Diário

Apesar de Florbela Espanca ser conhecida como poetisa, ao longo da sua vida tentou várias vezes o conto. Neles, encontramos frases de grande beleza e energia, expressões de desejo, carregadas de erotismo, que exprimem as suas contradições na transição para a libertação da mulher.

Os Três Casamentos de Camilla S.

Os três casamentos de Camilla S. é a autobiografia de uma velha senhora que aos noventa anos decide contar a sua vida, incluindo o que ela possa ter de inconfessável. O romance com uma estrutura de diário tem início a 4 de Janeiro de 1902, dia de viragem na vida de Camilla: aos doze anos, o seu primeiro casamento é anunciado. A 20 de Março de 1922, depois de em 1919 ter enviuvado Camilla casa pela segunda vez, e em 1926 dá se o divórcio. O terceiro e último casamento, acontece em 1945. Cada casamento simboliza no fundo uma etapa da vida desta mulher e corresponde a várias fases de amadurecimento. Paralelamente aos vários casamentos, uma grande paixão acompanhou Camilla ao longo dos anos, paixão que influenciou todo o seu percurso vivencial. Escrito numa linguagem simples e envolvente, este é um romance que nos cativa da primeira à última passagem. Foi o terceiro romance de Rosa Lobato de Faria e com ele esta escritora confirmou o seu lugar de destaque no panorama da nova ficção portuguesa.

Fala-me de África

Em 1968 Armando Rodrigues foi a Angola chamado pela tia Helena. O que lhe aconteceu nos meses em que permaneceu na Fazenda Sizalinda, perto de Benguela, enquanto os jovens da sua geração combatiam nas florestas dos Dembos e nas planícies do Leste, durante a guerra colonial, é um segredo que o atormentou durante toda a vida. Passados quarenta anos decidiu acertar contas com o passado e revelar à sua família essa viagem a África. As respostas que Armando Rodrigues e Leonor Brandão, filha de Helena, procuravam sobre o passado, conduziram-nos num mundo de ressentimentos dos que saíram de África, deixando para trás os bens e, principalmente, os sonhos. Daqueles a quem chamaram retornados, embora nunca tenham vivido na terra aonde a guerra os fez retornar. Mas descobrem um outro mundo muito mais perturbante: o dos que lutaram por uma nova África e sentem a tristeza da realidade. Dos que foram inimigos por uma causa comum: o amor a África!

Afonso, O Conquistador

Tem nas suas mãos um romance épico: a vida de D. Afonso Henriques. Recorrendo a uma meticulosa pesquisa histórica, Maria Ventura transporta-nos para o século XII e envolve-nos com as paisagens, culturas e figuras dessa época distante. No centro da acção está Afonso Henriques, o primeiro homem a sonhar Portugal, e que tornou esse sonho realidade com golpes de espada, traições familiares, intrigas religiosas e muita determinação. Afonso chegou até nós como um homem sem medo, vencedor de batalhas impossíveis, líder na frente de combate e na frente diplomática. Mas Maria Ventura vai mais longe e apresenta-nos um homem que faria as delícias de Maquiavel: astuto como poucos e sem escrúpulos sempre que necessário. E também um homem apaixonado pela vida, pelos filhos - fossem eles legítimos ou bastardos - e até pela mulher, que finalmente aprendeu a amar. Amadurecendo de príncipe impulsivo para soberano ponderado, no fim da vida Afonso deixa-nos um território pouco diferente daquele que temos hoje em dia. Sem ele não haveria Portugal nem língua portuguesa, e nunca as caravelas com a cruz de Cristo teriam partido em busca de novas paragens nem Camões cantado os Lusíadas.

Ronda Filipina

Ronda Filipina convida o leitor a viajar para um tempo quase secreto onde se sobrepõem o imaginário e a memória. Uma narrativa histórica que o vai situar no século XVII, durante o período da dominação filipina. Altura em que os corsários do Norte de África efectuavam incursões e saques por território europeu. Num narração hábil e envolvente, o autor cria um universo rico e multifacetado onde as relações entre os indivíduos, bem como a relatividade das ideias sobre o outro, são causa de reflexão. Envolto numa prosa que seduz o enredo assenta num facto verídico ocorrido em 1617, ano em que frota composta por oito embarcações de corsários argelinos saqueou a ilha de Porto Santo (Madeira), levando consigo, cativos, para o Norte de África, 900 dos seus cerca de 1000 habitantes. Regra geral, além da pilhagem a intenção destes corsários não era a de simplesmente escravizar esta gente, mas sim a de pedir por ela avultados resgates aos ocupantes do Reino Português, ao tempo Filipe II de Portugal, Filipe III de Espanha.
Com o presente romance, o autor venceu o Prémio Maria Rosa Colaço.

Ombro, Arma!

«Mafra chegou ao fim, escuro exílio. Mafra, o frio de Janeiro tiritando no corpo, a humidade nas paredes, os corredores soturnos onde moram presságios e maldições. Tudo ali é fugaz, predicação de tormenta, manhãs de incerteza e sobressalto, também júbilo e azul — melodias da esperança — , mas a pedra, a abóbada dos tectos, o sombrio dos claustros, perdido o fulgor de outrora, repassam os dias de um torpor longevo. Tudo ali é breve. Mesmo que as horas pesem, a vida hiberne. Mesmo que haja instantes de cristal e levitação. Agora, ao deixar o Quartel e as suas extensões de beleza ao lusco-fusco, a acridez dos silêncios, as coisas desatam o nó dentro das vivências, que começam já a ser outras, solta-se o fio e nada resta. Nada? Os estigmas, a espessura dos constrangimentos, permanecem. E a atmosfera solidária com que defendemos a nossa humanidade ameaçada.» Este é um extracto do belo romance de José Manuel Mendes.

Quantas Madrugadas Tem a Noite

'Quantas Madrugadas Tem a Noite' está destinado a ser um marco na literatura angolana e na literatura de língua portuguesa em geral. Com uma extraordinária mestria narrativa, Ondjaki conta aqui uma história em que não se sabe o que admirar mais, se a fulgurante imaginação do autor, se a sua capacidade para a criação de tipos e situações carregados de significado, se a sua capacidade para elevar a linguagem coloquial a um altíssimo nível literário. O humor, a farsa, o lirismo, a tragédia, o horror, todos estes sentimentos são aqui convocados e expostos, com a fluência de quem conta, simplesmente, uma história, na Luanda dos dias de hoje.

A Dama das Camélias

Marguerite Gautier, cortesã, é uma amante sustentada por alguns dos homens mais ricos de Paris. O seu hábito de levar sempre uma camélia branca quando vai à ópera ou ao teatro vale-lhe a alcunha de «Dama das Camélias». Vive uma vida de luxo e dissipação, mas no seu coração escondem-se as sombras de uma melancolia discreta e persistente. Até que conhece o jovem idealista Arman Duval, cuja paixão intensa lhe devolve a fé no amor... Mas será possível amar contra todos os preconceitos e convenções? Acima de tudo, será possível amar quando o amor pode custar a própria vida de quem ama? Marguerite Gautier, que Verdi transformou na Violetta Valery de "La Traviata", e a quem deram rosto actrizes como Greta Garbo e Sarah Bernhardt, é um dos ícones da feminilidade no século XIX.

Trópico de Câncer

Proibido durante cerca de 30 anos nos Estados Unidos e no Reino Unido, Trópico de Câncer foi publicado originalmente em 1934. Eleito um clássico de literatura erótica desconstruiu tabus e desmistificou convenções no seu pouco apologético caminho em busca do desejo. Muitas vezes considerado pornográfico e obsceno, Trópico de Câncer evidencia uma sexualidade despojada, longe de amarras e preconceitos, sendo auto-designado pelo escritor como «um insulto prolongado, um escarro no rosto da Arte». Não somente a Arte se pode ter sentido beliscada como a generalidade dos homens do seu tempo, presos às regras ditadas pela sociedade e que viam em Trópico de Câncer um desafiar dos valores impostos e aceites pela sociedade. A linguagem sem freio, os temas invariavelmente de cama e o retrato das personagens pouco ortodoxo, muitas vezes ridicularizadas por uma crítica contundente e sem moral, projectaram Miller como alguém à frente do seu tempo, porventura um pouco desajustado, facto esse que o levou a viver em Paris, ex-libris das capitais, que considerava um local onde se mesclam as cidades da Europa e da América Central, e onde o escritor vivia sem recursos ou dinheiro.

O Salário do Medo

A sociedade burguesa hipertardia é uma sociedade do risco e do medo. É claro que risco, medo e precariedade são determinações estruturais do trabalho vivo nas condições sócio-históricas do modo de produção capitalista. Eles têm caracterizado a sociabilidade capitalista desde seus primórdios. Entretanto, nos últimos trinta anos de crise estrutural do capital, situações de risco e de medo têm assumido dimensões ampliadas no mundo do trabalho e da reprodução social. Surgem múltiplas formas qualitativamente novas de risco e insegurança do trabalho: insegurança no emprego, no salário, na seguridade social e na representação sindical, como podemos observar não apenas nos países capitalistas do Terceiro Mundo, mas hoje também, do Primeiro Mundo. Entretanto, insegurança e precariedade atingem também a dimensão da subjectividade do homem, instituindo formas particulares-concreta de sócio-metabolismo da barbárie. Podemos até dizer que hoje, o medo tende a ser o afecto da alma humana capaz de constituir a mediação subjectiva das novas formas do consentimento do capitalismo global. Assume várias formas de ser, de acordo com a experiência de vida e as múltiplas temporalidades – passado, presente e futuro – do sujeito estranhado. Ele assume novas configurações psico-sociais nas condições históricas da sociedade mercantil desenvolvida e nas subjectividades complexas.

Rapariga com Brinco de Pérola

No século XVII, em Delft, uma próspera cidade holandesa, tudo tinha uma ordem pré-estabelecida. Ricos e pobres, católicos e protestantes, patrões e criados, todos sabiam o seu lugar. Quando Griet foi trabalhar na casa do pintor Johannes Vermeer, pensou, por isso, que conhecia o seu papel: fazer a lida doméstica e tomar conta dos seis filhos do pintor. Ninguém esperava, porém, que as suas maneiras delicadas, a sua perspicácia e o fascínio demonstrado pelas pinturas do mestre a arrastariam inexoravelmente para o mundo dele. Mas, à medida que a rapariga se tornava parte integrante da sua obra, a intimidade crescente entre ambos ia espalhando tensão e decepção na casa e adquiria a proporção de um escândalo em toda a cidade.

Jim, O Sortudo

Jim Dixon é professor de história numa universidade de províncias na Inglaterra dos anos 50. Não suporta o ambiente afectado que o envolve, está frustrado pela banalidade académica do seu trabalho e encontra-se preso numa exasperante relação sentimental. O contraste entre a sua necessidade de apresentar uma aparência respeitável e educada e a aversão e desprezo que sente por tudo o que o rodeia é verdadeiramente hilariante. Como válvula de escape consola-se fazendo expressões grotescas e alimentando delirantes fantasias de vingança. Mas talvez depois de atravessar uma série de situações embaraçosas, decepções pessoais e chantagens emocionais, a sua sorte comece a mudar.

O Futuro do Amor

Numa época em que mais de metade dos casamentos termina em divórcio, Daphne Rose Kingma, psicoterapeuta e especialista em relações amorosas, reconhece que as nossas concepções familiares do relacionamento afectivo deixaram de funcionar e precisam de ser reequacionadas. A mensagem de O Futuro do Amor é a de que as mudanças perturbadoras que estamos a viver fazem, na realidade, parte do plano da alma, porque pondo em causa convenções petrificadas, trazem-nos uma nova e mais ampla compreensão do amor.

Os Ensinamentos de Confúcio

Célebre filósofo chinês, Confúcio foi o iniciador de uma corrente de pensamento que marcou profundamente a cultura e as instituições da China e de outros países da Ásia Oriental. Nesta obra, Yu Dan faz uma interpretação actual dos ensinamentos de Confúcio restituindo-lhes a sua simplicidade original. Assim, dando ênfase à responsabilidade, à benevolência e à humildade individuais, Yu Dan ajuda-nos a descobrir em Confúcio orientações que nos permitem, através de uma aplicação prática, encontrar a felicidade espiritual, ajustar as nossas rotinas diárias e compreender o mundo agitado em que vivemos e qual o nosso lugar nele.

A Vida É Mais Simples Quando Pensamos Menos Nela

• “Não se pode amar ninguém até aprendermos a amar-nos a nós mesmos”.
• “Ser saudável é estar em contacto com os nossos sentimentos”.
• “A raiva precisa de ser extravasada”.
• “Pensar positivamente é a chave do sucesso”. Estas verdades são evidentes, certo?
Errado!, diz Paul Pearsall neste livro provocador. A doutrina da auto-ajuda é repetida com tanta frequência que nem pensamos em questioná-la. No entanto, sob a luz da ciência, estas regras prontas-a-usar caem por terra. A verdadeira auto-ajuda requer uma apreciação de ambos os lados do universo da psicologia – o científico e o popular – e um constante questionamento dos “factos”.

domingo, 8 de agosto de 2010

Os dois Irmãos

«A história que serve de suporte a esta estória aconteceu lá pelos anos de 1976, algures na ilha de Santiago. Como agente do Ministério Público fui responsável pela acusação de "André" pelo crime de fraticídio. Só muitos anos depois percebi que "André" nunca mais me tinha deixado em paz. Devo-lhe por isso este livro no qual a realidade se confunde com a ficção.»
E destas palavras do próprio autor surgiu um belíssimo texto sobre a lei, as convenções sociais, a tradição e os sentimentos pessoais mais íntimos.

O Hóspede de Job

"Hóspede de Job... Para principiar o título implica, em si mesmo, uma contradição irónica nos termos por que se define: Job, figura extrema da pobreza, recebendo e sustentando um hóspede rico (o capitão Gallagher). Nos dois elementos em equação encerra-se, com evidência imediata, um sentido simbólico bem preciso. Mas quais as relações que se estabelecem entre as duas personagens? Pertencem eles aos mesmos mundos? Que interesses representam e que forças os mantêm em contacto? Outras perguntas se podem fazer e é de supor que as respostas que se lhes dêem ultrapassem uma determinada situação concreta, localizada e datada. As perguntas como as respostas talvez encerrem uma mensagem mais vasta, mais «extemporal» e, assim, poder-se-á justificar a preocupação de Cardoso Pires de, muito especialmente com este romance, transcender o significado real dos factos. O recorte por vezes sentencioso da expressão literária, o tom de saga popular que imprimiu à narrativa e, por fim, a medida, propositadamente ambígua, de tempo e espaço em que se vai «deslocando» não têm outro objectivo do que conferir às figuras e aos acontecimentos uma ampla dimensão de exemplaridade, projectando-os para lá do imediatismo e das circunstâncias em que se nos apresentam. Como assinalou um crítico italiano (Giuseppe Bartini, Avanti, 14-1-64) ao comentar este romance, o objectivo de Cardoso Pires parece ser o de «elevar às regiões do mito a casual crónica do quotidiano». Quem é o Hóspede? Gallagher, representante de uma grande potência militar, um guerreiro aureolado pelo prestígio da experiência das verdadeiras atalhas e que passeia a sua opulência no terreno dos hospedeiros. A festa é, em última análise, suportada por toda a massa anónima que se agita e em pano de fundo, gente mísera e esfarrapada que o olha com estranheza, admiração e hostilidade e cuja síntese se corporiza na imagem bíblica de Job."

Parábola do Cágado Velho

Nesta obra, Pepetela utiliza os antigos mitos angolanos para criar uma história de amor num cenário de lutas em que, mesmo sem fazer referências a períodos históricos específicos, podemos acompanhar as guerras em Angola - tanto a revolução pela independência como a disputa fratricida entre Unita e Mpla - através dos olhos de personagens camponeses. 'Parábola do cágado velho' mostra que a mistura de culturas em Angola não se dá só nos grandes centros urbanos e busca descobrir a verdadeira identidade angolana. O livro, que começou a ser escrito em 1990 e só foi publicado originalmente em 1997, estrutura-se como uma epopeia moderna de Angola, na qual os feitos heróicos e o ufanismo, naturais do género, saem de cena em favor do sofrimento e da resistência dos homens do campo

Kikia Matcho - O Desalento do Combatente

Filinto de Barros nasceu em Bissau a 28 de Dezembro de 1942. Fez estudos secundários no Colégio Nuno Álvares, em Tomar, e estudos superiores na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra e no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa. Depois da independência da Guiné-Bissau foi embaixador em Lisboa, entre 1978 e 1981. Na Guiné-Bissau exerceu vários cargos políticos, entre os quais ministro da Informação e Cultura (1981-1983), ministro dos Recursos Naturais e Indústria (1984-1992) e ministro das Finanças (1992-1994). Kikia Matcho, sua primeira obra literária, é, nas palavras do autor, um pequeno exercício de ficção. Nem história, nem sociologia, nem etnologia, nem política, tão-somente uma abordagem que se pretende dinâmica e existencial do processo de síntese sociocultural de um Povo.

O Pergaminho da Sedução

Um historiador e uma jovem com uma incrível parecença com a rainha Joana de Castela investigam o enigma desta mulher, personagem central da história do século XVI, que ficou conhecida como Joana, a Louca. Enlouqueceu de amor, como conta a história oficial, ou foi vítima de traições e lutas pelo poder? Um apaixonante romance onde Joana de Castela regressa para contar a sua própria versão dos factos.

A Herança de Eszter

Durante vinte anos Eszter viveu uma existência cinzenta e monótona, fechada sobre si própria, esperando a morte e sonhando com o retorno de um amor impossível. Até ao dia em que, inesperadamente, recebe um telegrama de Lajos, o único homem que amou e graças ao qual encontrou, por um breve período, sentido para a sua vida. Grande sedutor e canalha sem escrúpulos, Lajos não só traiu Eszter como destruiu a sua família, tirando-lhe tudo o que possuía. Agora, depois de uma ausência prolongada regressa, e Eszter prepara-se para o receber comovida e perturbada por sentimentos contraditórios.

Sherlock Holmes e O Signo dos Quatro

É a segunda história da saga do detetive Sherlock Holmes.
Nesta história, uma moça de nome Mary Morstan, procura pelo serviço do detetive, para desvendar o que aconteceu ao seu pai. Ele morreu dez anos antes de moça procurar o detetive. Quatro anos após a morte do pai, a moça começa a receber anualmente uma pérola de grande valor. Após seis anos recebendo essas pérolas, sem saber o motivo nem quem as mandava, a moça recebe um bilhete da mesma pessoa que lhe enviava as pérolas, marcando um encontro. Para ajudá-la a desvendar os mistérios, ela pede pelos serviços de Sherlock Holmes e de seu fiel escudeiro Dr. Watson.

A Noiva Despida

Ela era a esposa perfeita, a mãe exemplar, uma mulher irrepreensível na sua calma e discrição. Agora está desaparecida, o seu carro foi encontrado abandonado num local remoto. Para trás deixa um desconcertante e explosivo diário onde revela ter levado uma vida dupla na qual transpôs a barreira entre fantasia e realidade. No ar fica a pergunta: será de facto possível conhecer inteiramente uma pessoa? Em tempos ela acreditou ser suficientemente feliz. Mas essa segurança mascarada de amor acaba por se desvanecer e transformar as suas fantasias em urgências. Intoxicada pelo poder conquistado pela sua própria libertação sexual, desafia as convenções e, pela primeira vez, põe em prática o que de mais íntimo e inconfessável lhe vai na alma.
Mas o preço dessa liberdade pode ser alto de mais…

Um Estudo em Vermelho

O cadáver de um homem, nenhuma razão para o crime. É a primeira investigação de Sherlock Holmes, que fareja o assassino como um “cão de caça”. Lamentava-se de que “não há mais crimes nem criminosos nos nossos dias”, quando, nesse instante, recebe uma carta a pedir a sua ajuda — o cadáver de um homem foi encontrado numa casa desabitada, mas não há qualquer indício de roubo ou da natureza da morte. Sherlock Holmes não resiste ao apelo, mas sabe que o mérito irá sempre para a Polícia. Um Estudo em Vermelho (1887), de Arthur Conan Doyle (1859- 1930), é a estreia de Holmes. A história foi editada pela primeira vez na revista Beeton’s Christmas Annual e logo fascinou inúmeros leitores, para quem o endereço do detective — 221B Baker Street, Londres — se tornou uma das ruas mais famosas da literatura. As deduções do investigador são narradas pelo seu amigo, o Doutor John Watson, uma espécie de Sancho Pança de Holmes.